7 de Abril de 2012
Abri o blog para vos falar de um episódio divertidíssimo, mas o título arrastou-me inevitavelmente para lembranças recentes menos boas, que despoletam um turbilhão de sentimentos algo confusos, entre a tristeza das lembranças e a euforia de um reencontro que me faz divagar nos mais infantis e inconscientes pensamentos.
Estou outra vez no impasse do costume, a sentir-me estúpida por me deixar chegar até aqui de novo e triste porque, por muito que eu saiba o que devo fazer, acabo sempre por cometer o mesmo erro e permitir que ele me magoe e mais uma vez leve um pedaço de mim. Pedaços esses que vai retirando a pouco e pouco e me transformam em algo que não sou, mas que inevitavelmente vai modificando a minha personalidade e moldando o meu carácter de tal forma que não me reconheço e na maioria das vezes não gosto da maneira como vejo o mundo e as pessoas. E tudo isso vai fazendo de mim quem sou, às vezes acho que melhor outras julgo que pior!
Não percebo este ciclo vicioso que eu teimo em reiniciar sempre que o mesmo parece ter terminado e estar resolvido! Tenho a perfeita noção de que por algum motivo que me transcende eu acabo sempre por recorrer a ele. Talvez por um certo conforto financeiro, uma dependência afectiva ou simplesmente porque não gosto de ficar sozinha durante muito tempo.
Our brain works in mysterious ways, a capacidade que a nossa memória tem em se lembrar apenas daquilo que mais nos convém é extraordinária. A memória é selectiva, na medida em que, com o passar do tempo vai esquecendo as discussões, as pequenas coisas tão insuportáveis que fazem com que já não consigamos olhar para a cara de quem está connosco e apenas se recorda dos bons momentos, das frases bonitas e dos carinhos de que tanto sentimos falta. A memória é traiçoeira, é o que é.
Não sei porque raio me apaixonei por um homem que não é em nada aquilo que eu admiro ou quero para passar o resto da vida a meu lado. Começo a achar que é uma forma perversa que uso para ter uma desculpa para não me comprometer de verdade com ninguém.Talvez porque eu não seja talhada para viver com alguém durante uma vida inteira, talvez porque realmente os homens não conhecem o amor e, portanto, logo não o reconheçam quando o encontram.
Uma vez alguém me disse que a culpa é das expectativas e a verdade é tão simples quanto isso. Se não esperarmos nada de ninguém não nos desiludimos. Mas, então, como planeamos uma vida com alguém da qual não esperamos nada?
É inevitável mais tarde ou mais cedo criarmos expectativas, afinal de contas "o sonho comanda a vida" e o que são as expectativas senão o sonhar com algo que queremos que se concretize?
No que diz respeito aos homens e às relações cada vez mais acredito menos em ambos e por isso prefiro ver as coisas de forma diferente. Encarar o facto de que não vale a pena criar expectativas, as coisas são como são e o que vier a mais é por acréscimo e será uma agradável surpresa em vez de uma grande desilusão!
Às vezes pergunto-me como cheguei até aqui, como é que deixei a minha vida sentimental chegar a este ponto tão estúpido e confuso e do qual não consigo sair. Quero esquecê-lo, tirá-lo da minha vida de uma vez por todas. Preciso deixar de amar este homem que apenas serve para aumentar a minha veia literária. Sinto-me uma Margarida Rebelo Pinto em "o dia que te esqueci"! Será que nunca vou realmente conseguir esquecer este homem e que de uma forma ou de outra as coincidências ou dependências da vida nos vão juntar sempre que já quase o tiver esquecido?!
O apego é o preço do afecto e a carência a prima pobre do amor, eu sou fraca e por muito que lute não consigo evitar o lugar comum de voltar para os seus braços e enganar-me a mim mesma nem que seja por breves momentos.
Não há pior cego do que aquele que não quer ver e eu, meus caros, fecho os olhos mais vezes do que o que devia e tantas que já não acredito em uma palavra do que digo e as minhas convicções já nem a mim me convencem.
Mas eu sou uma gaja rija e não vou aceitar esta merda de ânimo leve, portanto, também isto há-de passar e eu mudar...
* Esta é a real data em que escrevi o post. Como estou sem pc publico os posts em datas aleatórias.
1 comentário:
Nossa,parece que você estava falando de mim... Às vezes, me sinto em uma corrida dos ratos, onde por mais que eu corra e tente escapar, há um "queijinho" que me impede de ir... Espero que tanto eu como você, consigamos encontrar uma saída... Bjs
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